quarta-feira, 17 de outubro de 2007

NAVEGUE


Navegue, descubra tesouros, mas não os tire do fundo do mar, o lugar deles é lá.
Admire a lua, sonhe com ela, mas não queira trazê-la para a terra.
Curta o sol, deixe-se acariciar por ele, mas lembre-se que o seu calor é para todos. Sonhe com as estrelas, apenas sonhe, elas só podem brilhar no céu.
Não tente deter o vento, ele precisa correr por toda a parte, ele tem pressa de chegar sabe-se lá onde.
Não apare a chuva, ela quer cair e molhar muitos rostos, não pode molhar só o seu.
As lágrimas? Não as seque, elas precisam correr na minha, na sua, em todas as faces.
O sorriso! Esse você deve segurar, não o deixe ir embora, agarre-o!
Quem você ama? Guarde dentro de um porta jóias, tranque, perca a chave! Quem você ama é a maior jóia que você possui, a mais valiosa.
Não importa se a estação do ano muda, se o século vira e se o milénio é outro, se a idade aumenta; conserve a vontade de viver, não se chega a parte alguma sem ela.
Abra todas as janelas que encontrar e as portas também.
Persiga um sonho, mas não o deixe viver sozinho. Alimente a sua alma com amor, cure as suas feridas com carinho. Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não enlouqueça por elas.
Procure, sempre o fim de uma história, seja ela qual for. Dê um sorriso a quem se esqueceu como se faz.
Acelere seus pensamentos, mas não permita que eles o consumam.
Olhe para o lado, alguém precisa de si. Abasteça o seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os. Agonize de dor por um amigo, só saia dessa agonia se conseguir tirá-lo também.
Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague o seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue. Se sentir saudades, mate-as. Se perder um amor, não se perca! Se achá-lo, segure-o! “Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada”. Fernando Pessoa

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Já voltámos a isto? 1953

Corria o longínquo ano de 1953, quando a Câmara Municipal de Lisboa publicou a portaria n.º 69.035, destinada a aumentar o policiamento em zonas então consideradas "quentes". Pela curiosidade do texto, Gente aqui o reproduz sem comentários.
Verificando-se o aumento de actos atentatórios à moral e aos bons costumes, que dia a dia se têm vindo a verificar nos logradouros públicos e jardins, e, em especial, nas zonas florestais Montes Claros, Parque Silva Porto, Mata da Trafaria, Jardim Botânico, Tapada da Ajuda e outros, determina-se à Polícia e Guardas Florestais uma permanente vigilância sobre as pessoas que procurem frondosas vegetações para a prática de actos que atentem contra a moral e os bons costumes. Assim, e em aditamento àquela Postura n.º 69.035, estabelece-se e determina-se que o artº 48º tenha o cumprimento seguinte:
1º- Mão na mão 2$50
2º- Mão naquilo 15$00
3º- Aquilo na mão 30$00
4º- Aquilo naquilo 50$00
5º- Aquilo atrás daquilo 100$00
6º- Parágrafo único - Com a língua naquilo 150$00 de multa, preso e fotografado.


sem nome.jpg

Já voltámos a isto?
Ou nunca de lá saímos?

Aqui......(NEUTRO)....Acolá



“A verdade de amanhã”
(Ramonet)

Em Utopia, (Tomas More), ocorre o contrário da sociedade inglesa da época . E Rafael descreve como vigora ingênuo que o livro descreve. a república, a propriedade é pública, e os utopianos trabalham apenas seis horas por dia, vivendo mesmo assim na abastança, porque todos trabalham. É um comunismo ingénuo .


"Me desagrada discutir utopia, porque é discutir o que não existe. É aquele pensamento que não posso ter agora, mas posso ter algum dia. Vivemos de crenças e coisas que não têm nada a ver com a razão. Temos que fazer uma revisão criteriosa dos conceitos das palavras. As palavras são desgraçadas", idem


Ultimamente tenho estado a pensar sair do país e ir para uma cidade melhor. Estou farto disto. Aqui não consigo viver. As mentalidades dos políticos, intelectuais, empresários , directores , oficiais, patrões, empregados, amigos, familiares, pai , mãe, esposa , filhos, peço que desculpem pôr apenas no género masculino mas infelizmente se há mulheres no poder eu não as vejo, (para quem não sabe, políticos são aquelas e únicas pessoas que têm poder para tomar decisões que afectam a vida dos cidadãos), continuam retrógradas e assim as coisas não avançam e fica tudo na mesma. Para além da maior parte deles ter a mente “encerrada para férias”, que neste contexto significa “até à morte”, têm falta de vontade e encostam-se à cadeira de perna cruzada fumando charuto. Estou farto destas hipocrisias e maldade.




"A utopia está lá no horizonte.!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar"

(Eduardo Galeano).

Iniciemos pela compreensão do que é realidade. É comum o entendimento de que a realidade corresponde àquilo que “realmente existe”. É precisamente neste aspecto que a problemática toda inicia: se houvesse uma “real” correspondência entre aquilo que compreendemos com o que “realmente existe”, certamente estaríamos em posse da “verdade”. Como, entretanto, existem diferentes interpretações acerca do que “realmente existe”, poderíamos concluir que bastaria somar todas elas para atingir a “verdade absoluta”. O problema é que entre as diferentes interpretações da realidade há contradições que não permitem uma mera “junção eclética”.

A identificação de tendências históricas, o que nos é permitido conhecer, por sua vez, demonstra que a totalidade apresenta muitas “possibilidades de realização”. As possibilidades implícitas no movimento real são sempre maiores do que a “realidade em si” e, por isso, nenhuma é inevitável, fora da “realidade”, enquanto esta “vai sendo”. Assim, qualquer tentativa de anunciar possibilidades futuras é utópica, pois ela depende de um vir-a-ser (que ainda não é). Uma utopia, portanto, não é algo ilusório, e sim algo “que não é, mas pode vir a ser”.

Não há nada mais poderoso do que uma idéia cujo tempo chegou.
Vitor Hugo